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Catalina Pestana: que Inferno?

por Fátima Pinheiro, em 23.06.14
O que se passa entre nós é muito bom e é também um inferno, causado por nós. Tolerância zero para os casos mais graves. O Papa “porreirinho”(http://expresso.sapo.pt/o-papa-franscisco-e-mesmo-porreiro=f839556) di-lo de múltiplas formas. Dia sim, dia sim. Ainda ontem:http://www.aleteia.org/pt/religiao/video/torturar-as-pessoas-e-pecado-mortal-5888703444549632). A semana passada vi uma entrevista a Catalina Pestana no Canal 2: http://www.rtp.pt/play/p1580/e157887/tanto-para-conversar. Nela refere explicitamente três REDES infernais. Os adjetivos são meus, tirados dela: impunes, poderosas, silenciosas, polidas, bem educadas. Ou seja – e isto, embora nos espreite a porta, vem de muito longe – o poder instalou-se e “não há quem o levante”. Lavo as mãos. Mas não posso dizer que não sei. Resigno-me então, sentada, ao labirinto kafkiano? Ou corro, ao passo certo? Digo àquele miúdo: não aconteceu nada, vai passar, vais ver…ou digo-lhe: tu foste mesmo lixado, deve doer-te mesmo, quem te fez ou disse “isso” fez uma coisa monstruosa! Não há “delete” para o teu caso; mas vamos arregaçar mangas?

Sem dúvida que o que interessa é resolver o hoje. A política miudinha – e que grande e invisível ela é! – não cessa no “serviço das sedes”, a trabalhar para o bem comum que o é de “cada um”. Todos os dias, anónimos, a dar comida, palavras, abraços, a mão. Em casa e noutras casas. Não acredito na falta de tempo. A vida é para ser dada (Claudel); eu só assim experimento a vida boa. O resto é arrastar-me. Vejo-o na cara dos outros.

Há depois a grande política, a dos media. Não, não sou maniqueísta. Há de tudo em todo o lado. “Dois amores fizeram duas cidades”, e andam “misturadas”, lembrou Santo Agostinho. Catalina mostra. Mulher com todos o sentidos, põe os pontos nos “is”. Sendo pessoal, a intimidade – e assim é que é – fica no seu lugar. As entrevistas não são para escancarar a vida das pessoas; as entrevistas mostram duas pessoas no que são. A maior parte das que vejo, é como se as tivesse visto antes de as ver. Onde estão os pontos nos “is”? Os que faltavam?

No inferno passado e presente das “casas pias” “Deus estava lá!”, respondeu Catalina ao jornalista. Na sexta –feira passada leram-me umas passagens do Inferno de Dante. Pois é! Os pontos nos “is”: chamar a liberdade pelo nome. “Eu não sou religiosa, sou crente.”, repete ela na entrevista, para dizer também que Deus noz fez livres, e que isto é de um preço inestimável. Esquecemo-nos que nada faz sentido sem Ele e que por isso teve que mandar o Seu filho. Que anda aí caído nas ruas e caído nos tronos. Na impotência dos “pobres” e nos tronos inférteis. O meu trabalho não é apontar – apontar é feio, é desumano -, o meu trabalho é “salvar”. Como a rosa, à qual basta ser. Por isso ontem andei atrás Dele, em Procissão, pelas ruas "desta menina e moça". E continuo. Há razões para o fazer. D. Manuel Clemente. Que sorte!

A Política é coisa simples. Díficeis e mortais são as “jogadas” baixas. O que fazer às Bombas de Catalina? Rebentar nem sempre é solução. Perdoar é coisa que só Deus sabe (podia não vir - de óbvio que é - mas vem no Catecismo, nº1441). Mas não há tempo para contemplações. Eu não quero desistir. Nem do grande nem do pequeno. E digo: a solução passa pela companhia. Catalina disse que preferira não morrer sozinha. "Posso morrer ao pé de si?" Mas antes, antes, há que acabar com as CENAS de quem prefere o gosto de peles MACIAS DE BÉBÉ. Como a Senhora contou, do que ouviu da boca daquele menino. A razão pela qual Carlos Cruz gostava mais dele. Eu não acuso. Eu sei e já escrevi, que a Cruz de Carlos é minha também. Senão que Deus seria este? (http://expresso.sapo.pt/a-cruz-do-carlos-e-igual-a-minha=f798511). Vá lá!

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"black is black"

Não que eu leia tudo o que é jornal. Mas na política o “menos é mais”. Aprendi a ler e a observar os melhores. Tenho olhos para ver o que se passa. E vejo que, por razões diferentes, Francisco e Marcelo batem records de audiência. São tão diferentes: um atravessa-se e ”faz” Política, o outro limita-se a «brincar» na areia.

Antes só que mal acompanhada. Não é o caso. José Manuel Fernandes escreveu no passado dia 9 um comentário com o título “A insustentável leveza do professor Marcelo”. Onde se pode ler o seguinte: “Marcelo nunca se compromete, nunca se atravessa, nunca diz exactamente onde está e para onde sugere que se vá. Para Marcelo nunca há políticas – há factos políticos. Nunca há objectivos – há apenas fintas e volteios. Talvez seja por isso que Marcelo nunca marcou um golo – na verdade ele nunca remata à baliza, só brinca na areia.” (http://observador.pt/opiniao/insustentavel-leveza-professor-marcelo/). Eu escrevi aqui umas coisas : http://luzelata.blogs.sapo.pt/professor-marcelo-inacreditavel-o-que-8536 .

Na recente entrevista à SIC, o Papa diz coisas que são repetidas há muito. Mas como hoje é quase tudo “on line”; hoje, que a sociedade que “construímos” chegou a um ponto onde já não há vergonha na cara; hoje, que temos um Papa que é simples em tudo; hoje que muitas sedes apertam, hoje, muito está a mudar por causa Dele. Marca pontos. Transforma a partir do Diamante que ele esculpe ao deixar-se esculpir, “assim”, diante de nós.
Um Político.

A Política – e não o sabíamos nós já? Quem partiu aquela loiça toda no Templo, quem foi???? O Mesmo que se atravessou e continua a atravessar-se cruzado, pois é…. -, a Política, dizia, é a forma suprema da Caridade. A crise é consequência da ambição enlouquecida de poder e dinheiro. Louca, sim, porque não pôs a pessoa no centro. Onde está o “homem”? Só caridadezinhas. Politicazinhas. E mais acabado em “inhas”. Contudo o Papa corta a direito. Não lhe importa o “vaticanamente” correto. Mas como de burro só mesmo o do Presépio (e esse por acaso não devia ser assim tão burro….), Francisco sabe bem quem ele é (isto de ser jesuíta tem muito que se lhe diga) e ironiza. A certa altura da entrevista a Cymerman lembra que não pode estar ali a brincar de Papa Pároco (isto a propósito de um encontro que teve com jornalistas no Vaticano.). E acrescenta perguntando ao jornalista: “sabe qual a diferença entre o Terrorismo e o Protocolo?” Vale a pena ver a resposta.

A Francisco basta “ser” porque o parecer nele se une. Vive no paradoxo de um brincar sério e o seu contrário. Até na areia brinca, como o menino de Santo Agostinho que para conhecer Deus não se cansava de encher de Mar o balde com a sua pá. “I want my baby back”. Fiquem com os Marcelos. Eles abundam por aí.

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O dia era especial. Sexta-feira 13, lua cheia. Num outro dia 13, em 1917, outro Francisco corria para ir “ver”, pela 2ªvez, a Senhora que tinha aparecida um mês antes. Ia com o melhor fato e penteado como nunca. Ontem era também dia de S. António, outro que também souber correr atrás doutro Francisco. Numa Lisboa em crise, as ruas da Sé quiseram competir com a Costa da Caparica; para não ir mais longe. “Como quer ficar conhecido na História?, é a pergunta final do jornalista na entrevista exclusiva ao Papa Francisco - transmitida na integra na SIC Notícias (obrigada Filomena pelo link: http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2014-06-13-papa-fala-sobre-problemas-da-igreja-e-do-mundo-em-grande-entrevista). O Papa: “Não pensei nisso…”. “Um homem bom…isso basta.” É preciso ser muito especial para esta resposta. Com um sorriso que fiquei a conhecer assim mais perto. Novo, acabado de sair. Basta ver a entrevista. Mesmo assim deixo abaixo como eu a guardo: à prova de bala.

Os comentadores da SIC bem quiseram arrancar características revolucionárias, feitos extraordinários nunca dantes navegados. A certa altura um deles diz: "Este Papa é genuíno; bem, outros também foram [as comparações foram sobretudo com Bento XVI], mas este tem uma genuinidade diferente". Importa-se de repetir?

Cymerman leu as perguntas que tinha preparado. Com o rigor do trabalho do jornalista que sabe que a emoção, às vezes, pode ajudar a esquecer o que se quer perguntar. Trabalhinho de casa; não é chegar ali e mandar umas bocas. Mais. Não fez aquelas perguntas mediáticas que muitas vezes só servem para vender jornais. Mostrou que queria mesmo conhecer aquele homem. A certa altura, e uso a minha memória : "o senhor conseguiu não só fazer as pazes com o chefe ortodoxo, como também juntar os lideres árabe e israelita, e ainda juntar todos em Jerusalém." Não esquecemos aquele abraço, que vimos em tudo o que é media. O Papa respondeu: “não fui eu que fiz.” E repetiu a frase. Com o sorriso cheio do brilho da paz e da humildade que sempre o vestem. E acrescentou: “O Henrique ajudou!”, provavelmente com a insistência para obter esta entrevista; não estou dentro dos seus preliminares. “A divisão é um pecado, um pecado…!!!”, continua o Papa a confessar ao jornalista. E insistiu que o que é aconteceu não é um gesto político, mas político sim, com “P”.

Frei Bento Domingues, um dos três na mesa debate da SIC disse mais ou menos assim: "este Papa agita tudo; é isso que ele quer!" Eu também acho que sim. O Papa é um “agite antes de usar”. Mas calma. A Igreja é uma Vida, não surge agora do nada, há trabalho de fundo – de há milhares de anos -, que nos leva, sim, neste caminho trabalhoso e acompanhado pelo Senhor dos anéis e dos dedos. Por isso não me espanto com o baptismo do " Papa móvel" com o nome de prisão blindada, ou muro, como o Papa disse, a propósito da sua visita pastoral ao Brasil. Como não me espanto por ele não andar de sandália e túnica no meio das multidões por onde passa.

"O passado foi, o futuro não é". Fixo-me pois num homem que é especial, diferente de mim, diferente de cada um de nós. Por uma razão. Ele é uma liberdade em ação, que não repete, mas vive cada momento como um dado que é dom. Deu-se a Henrique em cada surpresa que as perguntas lhe iam “batendo”, como ar fresco no seu rosto. Fazendo ricochete no de Henrique, que transbordava, ele lá sabe como.

Francisco é especial sim. Porque é um homem. E porque é um homem bom – "que erra", diz a certa altura na entrevista -, sem máscaras, corantes, ou conservantes. Não é light, nem de soja. Não é hermeseta, nem descafeinado. É Orgânico, Biológico. Só isso me dá a Razão pela qual ao olhar-me nos meus olhos reconhece Aquele que me “faz” agora, agora mesmo. “Fá-lo” como eu não sei “fazer”. Sim, se soubesse, virava já 1,90 escultural e boa pessoa.

É diante dessa Presença que Francisco nota nos meus olhos castanhos de 1,57, diante da Qual ele se ajoelha hoje apaixonadamente, que eu quero estar, ou ser, também. É esta a Revolução. Como quero ser recordada na História? É por Causa DELE. Como a rosa.

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Papa Francisco: Acaba o Celibato dos Padres?

por Fátima Pinheiro, em 03.06.14

 

 

A  Igreja raramente recorre à proclamação de um Dogma no sentido forte do termo, isto é, ex cathedra ( de resto há muitos dogmas, entendendo-se estes como máximas, verdades, opiniões)  Mas quando o faz é por razões pedagógicas, para realçar algum aspeto que esteja a ser “descurado”  na vida da Igreja; e fá-lo a partir dessa experiência de vida. Isto é, reconhece formalmente o que já é vivido no seu seio, na sua prática milenar. Numa palavra, não o faz à la a carte e por razões do “eclesialmente” correcto, ou para inglês ver. Vem isto a propósito do Papa Francisco, mais uma vez a marcar pontos ao “obrigar” a pensar e a conhecer a Igreja; a fazer as distinções essenciais. Foi no regresso desta recente visita à Terra Santa, ao responder à pergunta dos jornalistas: o celibato dos padres poderá deixar de ser obrigatório? Já em 2012 se tinha pronunciado sobre este assunto. Paulo VI e Bento VI também. Em ambas as ocasiões disse: eu sou a favor do celibato dos padres; embora não seja um Dogma – e por isso pode mudar-se - , o celibato é um Dom de Deus à Igreja, uma disciplina, uma regra de vida que eu aprecio muito; por isso, apesar dos seus prós e contras eu sou a favor; temos do celibato dos padres dez séculos de boa experiência; a tradição tem a sua validade…. Não se espere portanto que o próximo Sínodo de Outubro, sobre a Família, se centre na questão do celibato, e outras que vêm à colação (contraceção, homossexualidade, etc.). É preciso ir a montante: pensar, entender, clarificar o que é a família, que está em crise, e tudo ver a essa luz.

 

Mas voltemos ao celibato, o mote do Programa da RTP 1 “ Prós e Contrasde ontem, que acabou por ter como tema “A Igreja e a sexualidade”. Mais uma vez agitou e provocou que tenham emergido diferentes perspetivas e sensibilidades. Um ponto que registo: manifesta abertura a mudar. Mas não se pôs a hipótese que a mudança pudesse ser a de proclamar o celibato com Dogma. Curioso, não é? O Pe. Feytor Pinto sublinhou, sim, o aspeto mais determinante do celibato dos padres: a identificação do sacerdote com Cristo. Seja o sacerdote um outro Cristo.  Será que Francisco sonha com isto, e sabe que é preciso que seja “realizado” ex Cathedra?

A Madre Teresa de Calcutá dizia que a Palavra de Deus não é a Bíblia. What? A Palavra de Deus é a Bíblia, sim, mas mais a Tradição. Dogma e Tradição casam bem, como há pouco referi. São poucos os Dogmas ex-Cathedra. Mas como o século 19 resultou numa aceleração permanente – ainda em andamento -, nestes últimos dois séculos foram proclamados três Dogmas.

 

Em 1854 o da Imaculada Conceção de Nossa Senhora, que sublinha a atualidade do pecado original como razão da fragilidade do humano, que se traduz na dificuldade em não conseguir realizar o bem que se vê e gosta e quer, mas acaba por fazer o que não gosta, ou no fundo não se quer. Em 1870, o Dogma da Infabilidade Papal (em matérias de Fé), para mostrar que o homem não é a medida de todas as coisas, numa época em que esse é um sound bite vertiginoso e imparável. E em 1950, o Dogma da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma, para lembrar a unidade de corpo e alma, que é o homem; o corpo não é o usa, gasta e deita fora; uma “coisa”, “um número”, mas uma dimensão essencial do humano. ”Eu não tenho um corpo, eu sou um corpo”, é uma pedra no pântano materialista então a iniciar um reinado do qual ainda hoje se desconhecem contornos. João Paulo II viria a seguir, e devido à sua formação fenomenológica, foi capaz de começar um estudo sobre a sexualidade que se veio a concretizar na sua obra, e nas catequeses de 4ªfeira, já publicadas entre nós. A designada “Teologia do corpo”.

 

A lei do celibato obrigatório começou com o Concílio de Trento. Mas só quem ignora que a Igreja é uma vida – com a s suas etapas, momentos felizes, e outros não tanto -, pensa que ser padre é ser como os companheiros de Cristo, que erem casados. O que é certo é que a prática do celibato pelos padres começou a frutificar; eles começaram a ser vistos como um sinal de que a nossa vida não acaba “assim” e “aqui”. Ao entregarem-se a “tempo inteiro”, ao “prescindirem” (não digo que não gostassem de o fazer) de constituir família (mesmo sem filhos; há casais que não têm filhos), passaram a ser “uma coisa do outro mundo”. Lembram-me  o meu "fim". São "escatológicos".

 

Claro – o próprio Papa o lembrou no avião aos jornalistas –,  há padres casados muito bons. E referiu os seus colegas de rito católico oriental. Mas a sexualidade não se reduz ao casamento. A sexualidade o que é? João Paulo II vê-a na diferença e complementaridade do humano: Deus criou o homem, e criou-o “homem e mulher.” Padres, relioiosos , leigos, toda a ahumanidade.

 

 O casamento o que é?  Atualiza a comunhão de duas pessoas na unidade que envolve a pessoa toda. O Amor de Deus, que a investe na raíz, pode levar à criação de novas criaturas, os filhos. Estes surgem de um Amor que envolve pai e mãe. Estes não são “capazes”; mas o impossível acontece porque eles são Amados na atração que os envolve; às vezes no primeiro olhar. "Give my all to you". 

 

Eu tenho uma amiga casada com um pastor protestante. A vocação dele dividi-o entre duas famílias. Entra e sai, acode fora e dentro, mas não pára em nenhum dos lados. São pessoas extraordinárias e infelizes. Não há tempo para regar intimidades  e cumplicidades. A isto, sim, eu chamo contra natura. Não acham? Natural é o prazer, o orgasmo e o tudo o mais que foi criado por Deus. O corpo é um templo.

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Papa Francisco, Rabib Abraham e Iman Omar Abboud,  anteontem em Jerusalém 

fotografia tirada da net

 

O voo à Terra Santa não foi visita política. Foi correr para agarrar o essencial. O que faz correr Francisco assim? O livro sagrado tem a “definição” de amor no capítulo 13 da Primeira carta aos Coríntios. Aí se diz que o Amor é uma construção, mas a partir de um Dom, de algo que “já está”. O mesmo se diga da Unidade. Aqui vem a questão: se é um Dom, por que razão o peço, por que há que pedi-lo? Sim, porque o sucessor de Pedro insiste em que  peçamos – ou rezemos, que é o mesmo -, sempre e insistentemente. Mais uma vez o certeiro Chesterton a notar que a verdade está no Paradoxo. Mas S. Agostinho ainda diz “melhor”.

 

O que escrevo faz sentido para quem precisa de ser salvo. Eu preciso. Sei por experiência que preciso de mãos que me levantem todos os dias, de olhos onde vejo portas e janelas, de abraços que me curem as feridas. Pelas minhas mãos nada disto acontece e acontece (outra vez o paradoxo que ilumina): “o amor é paciente, é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento./ Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade./Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (da tal carta de S.Paulo). Aquele abraço da Terra Santa, acima na fotografia, diz tudo.

 

Repito as palavras de S.Agostinho à minha maneira: Deus criou-te sem ti mas não te salva sem que o queiras, sem a tua liberdade, o teu sim a ti mesmo, ao que és por dentro. Quando os irmãos “desavindos” se deixam apertar nos doces braços do Pai, choram de alegria. Convertem-se, isto é, o seu coração, a sua razão, alarga. Abraça o mundo. De boas intenções está o inferno cheio, oiço. E então. Há alguma coisa que vença mais que o fogo do Amor? Eles correm, correm.

 

O Abraço em que há dias se fundiram o Papa Francisco, o Rabib Abraham e o Iman Omar Abboud, em Jerusalém, mostra ao mundo inteiro que Deus não é uma Utopia mas uma Presença. Uma Presença: vê-se, toca-se. A isto se chama Encarnação. O verbo se fez carne e habita entre nós. 

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A 13 de Maio: afinal havia outra!

por Fátima Pinheiro, em 12.05.14

 

 

da net

Coroa com a bala que tinha o mesmo diâmetro da anilha que une as hastes do diadema

 

 

A 13 de Maio na Cova da Iria....Mas afinal havia outra. A bala que disparou contra João Paulo II a 13 de Maio de 1981 em Roma, coube no espaço oco que a coroa da Senhora de Fátima lá tinha desde que foi feita, como se dela estivesse à espera! A vaticanista Aura Miguel, no melhor livro que já li sobre S.JoãoPaulo II e Fátima, e após conversa com quem fez  a jóia,  revela que foi com surpresa que se verificou que a bala que atingiu o Papa tinha precisamente o mesmo diâmetro da anilha que une as hastes do diadema em que o projéctil foi colocado. O director da joalharia Leitão e Irmão, em Lisboa, não tem dúvida de que a coroa de Nossa Senhora de Fátima é "a jóia mais importante feita em Portugal". “Aparece brilhante a virgem Maria”. E muda corações.

 

Inspira Artes e Vidas. Poemas sem conto. O de Dante, nem comento, intocável. O que Vieira escreveu para a Festa é um dos mais belos. Luis Miguel Cintra declama-o como ninguém. Um dia um Rei de Portugal tirou a coroa que tinha na cabeça e fê-la Rainha de Portugal, "Vila" Viçosa. Ela, em 1917, no ano em que os ventos de Leste mudavam - e para o que depois se viu -, apareceu no lugar da Cova da Iria. O Papa Francisco - de quem todos gostam tanto - dedicou o seu pontificado a esta rapariga. O saudoso João Paulo II, recomposto do atentado que sofrera a 13 de Maio de 1981, declara publicamente que a essa rapariga ficou a dever o seu longo pontificado; aos 3 anos na cadeira de Pedro, seguiram-se anos de milagre. Uma mão disparou, outra desviou a bala. Ela, outra vez. Ele, agradecido, "mudou-se" da Polaca Virgem Negra para a Senhora mais brilhante que o Sol. Ela. Vem à Cova da Iria, dá-lhe o seu anel de estimação, e a bala que nada pode fazer. Até o jovem turco que a usou, estranhou a derrota. Raspou a aorta, ao que era suposto nada sobreviver.

 

A 25 de Março de 1984, dia da Anunciação, o Papa de Leste fez o que a rapariga já tantas vezes tinha pedido, mas que só ele soube fazer: consagrar o mundo ao seu imaculado coração. Quem sabe ler a História, veja o que aconteceu a partir desse data. Sei que é uma rapariga que gera polémica, e que Fátima não é tema pacífico. Mas nestas coisas acredita quem tem interesse e razões. Não é o único caso em que se toma posição com base na ignorância, e não no conhecimento. Não é o que acontece de menos bom na Cova da Iria que tem o poder de apagar o resto.

 

António Vieira: "(...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus: Maria, de qua natus est Iesus (...)." (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).

 

Somos crescidinhos e usamos a razão da forma que bem entendermos. 64 anos depois do 13 de Maio de 1917, houve uma bala que demorou a atingir. Está agora noutra cova, como se vê na imagem. Agarra-a se quiseres.

 

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